sábado, 14 de maio de 2011

Academia ao ar livre: utilize com cuidado

Luciana Grande

Usuários dos aparelhos instalados pela prefeitura em alguns parques de Guarapuava podem se prejudicar ao executar exercícios sem a orientação de um profissional


Todos já conhecem a importância da prática de exercícios físicos. Ao mesmo tempo, muitos alegam que não gostam de academias, não têm paciência e nem dinheiro para frequentar uma. Por isso, com a intenção de diminuir o sedentarismo e promover o bem estar e a saúde física da população, a Prefeitura de Guarapuava, por meio de um projeto do governo do estado, instalou academias ao ar livre em dois parques da cidade: o do Lago e o das Crianças. O projeto, colocado em prática há cerca de três anos e existente em várias cidades do Paraná, segue os modelos europeus, como o de Londres, na Inglaterra. No entanto, embora essa iniciativa seja ótima, é preciso estar atento aos cuidados com a prática de atividade física em todas as idades.

É claro que não podemos ser radicais nesse sentido. As academias ao ar livre trazem, sem dúvidas, uma série de benefícios para a população. Mas, tratando-se de saúde, o cuidado sempre deve ser redobrado. O que era para ajudar pode acabar prejudicando o bem estar físico dos usuários. É preciso que quem freqüenta essas academias esteja atento aos cuidados e perigos da prática de exercícios sem acompanhamento (ou, ao menos, um aconselhamento) profissional.

Os cuidados necessários


A academia ao ar livre agrada a muitas pessoas que frequentam os parques de Guarapuava. Os aparelhos são ocupados ao longo de todo o dia por usuários que pretendem fortalecer e alongar os músculos e as articulações, principalmente os que possuem mais de 50 anos. Porém, o que mais chamou a atenção do profissional de Educação Física Leandro Ferreira, foi a falta de um profissional da área para orientar no uso dos equipamentos de forma correta. Segundo ele, a execução incorreta de alguns exercícios pode comprometer os resultados e provocar lesões. “É preciso que haja cautela em todas as idades. Nas crianças, os ossos podem se atrofiar, porque elas estão em fase de crescimento. Já nos idosos, até fraturas podem ser ocasionadas, já que na maioria os ossos estão frágeis”.

A dona de casa Laura Cavalheiro, 67 anos, usa o circuito do Parque do Lago desde que foi inaugurado. “Só consigo fazer atividade física no parque, em contato com a natureza. Odeio academia”. Ela conta, ainda, que procura ser o mais prudente possível ao utilizar os aparelhos para não causar danos a sua saúde física, mas admite a necessidade de um acompanhamento profissional. “Seria bom ter alguém por aqui para nos ajudar. Apesar do painel que explica a função de cada aparelho, tenho muitas dúvidas sobre a realização de alguns exercícios”.

Já para a administradora Audrey Pierdoná, 40 anos, os problemas da academia ao ar livre são outros. Ela comenta que em dias de sol forte ou chuva é quase impossível praticar exercícios ali. “Antes eu ia à academia ao ar livre quase todos os dias. Mas com a temporada de chuvas, o calor e, agora, com esse frio, fica difícil. Acho que poderiam fazer uma cobertura no espaço”. Além disso, Audrey salienta que alguns usuários permanecem muito tempo em determinados aparelhos, impedindo a utilização dos mesmos por outras pessoas.

Os aparelhos

Segundo o professor Ferreira, além da falta de orientação, outro problema é a inclusão de alguns equipamentos de pouca utilidade para a saúde física. A rotação vertical, por exemplo, faz com que haja uma rotação do corpo de um lado para o outro. “A intenção é de fortalecer os membros superiores e melhorar a flexibilidade dos ombros. Mas se for mal executado, pode provocar uma torção na coluna. Seria mais benéfico se usado para alongamento”.


Outro ponto que chama a atenção é a falta de conservação de certos aparelhos. Alguns estão frouxos e com peças quebradas ou danificadas por conta da oxidação. “A iniciativa da prefeitura é mais do que válida. Mas é importante que o cuidado com a estrutura dessas academias seja feito de perto”, opina Ferreira.

O conjunto de equipamentos é parecido com os de musculação e alongamento encontrados nas academias convencionais. O circuito tem por objetivo trabalhar todos os grupos musculares. Os aparelhos permitem uma variação de mais de 20 movimentos diferentes e, por serem usados por pessoas de todos os tamanhos e idades, não precisam de ajustes. Ainda que os aparelhos tenham como foco pessoas da terceira idade, eles podem ser usados por todas as faixas etárias. No entanto, a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer recomenda que os usuários tenham no mínimo 12 anos, o que muitas vezes não é respeitado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário