sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Audiência pública discute situação de trabalho de docentes da Unicentro

Katrin Korpasch

Foi realizada ontem (10) na Unicentro audiência pública para discutir a situação dos docentes na Unicentro. Compuseram a mesa de discussões o reitor da Unicentro, professor Vitor Hugo Zanette, o secretário estadual da SETI (Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior) Alípio Leal Neto, professor Luis Henrique Schuch, da ANDES (Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior), e os professores Marcos Aurélio Machado Fernandes e Denny William da Silva, respectivamente presidente e tesoureiro da Adunicentro (Sindicato dos Docentes da Unicentro).

Evasão de docentes e condições de trabalho foram discutidas na audiência

A reunião foi promovida pela Assembleia Legislativa do Paraná em conjunto com a Adunicentro. Ela é resultado da paralisação de docentes que ocorreu na Unicentro no dia 26 de outubro e que, segundo o tesoureiro do sindicato, professor Denny William da Silva, chamou a atenção de vários deputados para os problemas que se verificam nas Universidades do Estado.
Para o presidente da Adunicentro, professor Marcos Aurélio Machado Fernandes, a audiência foi uma oportunidade de retomar o motivo da paralisação do mês passado. “A audiência pública tem um caráter de ampliação do debate iniciado com a paralisação. Pretendemos que agora, com a amplificação da participação dos deputados, os membros da Comissão de Direitos Humanos e da Cidadania, e os demais convidados pela comissão, que possamos também, ampliar nosso debate, para as condições de trabalho e evasão docente na Unicentro, a democratização da universidade e outros temas”, afirma.
Na audiência foram discutidos vários temas pertinentes à situação de trabalho dos docentes da Unicentro. “O objetivo desta audiência pública foi analisar os motivos pelos quais vem havendo evasão significativa de docentes da Unicentro para outras universidades. Notadamente para as universidades federais. Esta evasão tem prejudicado sistematicamente os cursos de graduação e pós-graduação. A rotatividade de professores tem causado impacto negativo sobre as linhas de pesquisa da universidade e dificultado a melhora dos conceitos dos cursos de graduação e pós-graduação”, explica Denny.
Além disso, também foi abordada a questão das cargas horárias dos professores. Segundo o tesoureiro da Adunicentro, o ANDES, sindicato nacional, do qual a Adunicentro é parte, tem promovido seminários em que se debate o adoecimento dos docentes em função da sobrecarga de exigências e atividades. “Não há professor da Unicentro que trabalhe 40 horas semanais, carga horária para o qual foi contratado. Ao lançar as atividades que desenvolve semanalmente no seu Plano Individual de Atividades Docentes, ele percebe que chega perto das 50 horas semanais. O que é um evidente abuso”, afirma. O reitor da Unicentro professor Vitor Hugo Zanette concordou e afirmou que esta questão é ainda mais abrangente. Segundo o reitor em relação à carga horária há mais situações envolvidas, entre elas a saúde. "Além de tudo ainda há o fator da saúde dos docentes, que é prejudicada".
Outro ponto discutido foi em relação aos salários dos docentes. “Também há a defasagem salarial em relação às Universidades Federais e que hoje chega a 20% para o doutor”, comenta Denny. Conforme o tesoureiro, a evasão também se dá por inseguranças trabalhistas da legislação paranaense, em que o docente pode, de um momento para outro, ter um corte de salário de 55%. “Isto é relativamente à Dedicação Exclusiva e que o docente tem que renovar a cada dois anos. Enquanto houver orçamento para isto não parece haver grandes preocupações. Mas se a conjuntura econômica mudar ou outro governo tratar a questão com menor prioridade esta possibilidade de redução é real”, explica. Além disso, o docente que tiver um problema grave de saúde, ou acidente que o afaste do trabalho por 90 dias ou mais obrigatoriamente tem seus vencimentos reduzidos em 55%.
“São várias as situações e as debatidos nesta audiência pública com o objetivo de corrigir aquilo que necessita ser corrigido e tornar a permanência do docente no sistema estadual de ensino superior mais atraente”, conclui Denny.
Hoje é um dia importante para todos os envolvidos na questão. “Teremos uma audiência com o Secretário da Administração, em que ele deverá dar uma resposta da parte do governo, quanto às pretensões apresentadas no Plano de Reajuste da Carreira dos Docentes”, afirma o presidente da Adunicentro.

Editado por Luciana Grande

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