Vinicius Comoti
O Bar do Presetes, um reduto para uma boa dose
Trabalhou em várias fabricas da cidade como laboratorista industrial e numa derrapada do destino ficou desempregado aos seus quarenta anos, problema que teve solução na ideia de montar um bar na frente de sua casa. “Não conseguia arrumar trabalho em nenhum lugar, falavam que eu já estava muito velho. Então peguei um dinheiro guardado e abri o bar”.
Amizade e poesia expressam o ambiente do bar
Editado por Gabriela Titon
O dia começa cedo para Prestes, que no raiar das sete da manhã já tem seu estabelecimento aberto. Fumando seu cigarro, intercala momentos de reflexão e limpeza antes da chegada dos primeiros clientes. A clientela não é jovem e muito menos agitada, são em sua maioria amigos e conhecidos que fazem do ato de beber um ritual. “Frequentam mais o pessoal conhecido, que moram por perto. Quando vem alguém diferente, com uns papos estranhos, eu já trato mal para o cara pegar o rumo. A gente sabe quando não é boa pessoa”.
Valdomiro Barros, mais conhecido como Prestes, já tem o bar há dez anos e mora em Guarapuava há mais de quarenta, sendo natural de Foz do Iguaçu. Veio contrariado dos pais, que na necessidade de por o filho em uma escola, decidiram mudar de cidade, pois Foz não possuía escola e Guarapuava estava em pleno desenvolvimento. “Vim ainda adolescente por causa dos meus pais, naquela época Guarapuava era mais desenvolvida do que Foz. Veja como são as coisas, hoje em dia Foz é muito mais evoluída do que Guarapuava”.
Trabalhou em várias fabricas da cidade como laboratorista industrial e numa derrapada do destino ficou desempregado aos seus quarenta anos, problema que teve solução na ideia de montar um bar na frente de sua casa. “Não conseguia arrumar trabalho em nenhum lugar, falavam que eu já estava muito velho. Então peguei um dinheiro guardado e abri o bar”.
O bar do Prestes é um ambiente nostálgico e ao mesmo tempo lisérgico, o paradeiro de almas solitárias que buscam no degustar de um gole um significado de vida. Não é muito badalado e muito menos moderno, possui três mesinhas e uma antiga televisão na qual passam filmes e notícias. Dificilmente tem música e quando tem é aquele bom e velho sertanejo de décadas atrás. Sua essência está toda concentrada nas historias e experiências de sua freguesia, composta por figuras de diferentes gerações que a cada palavra marcada pela bebida, contemplam uma atmosfera acolhedora e exótica.
Prestes tem cinqüenta e cinco anos. É sério e acanhado, não é de beber muito além de algumas doses. Um homem de poucas palavras que esboça um singelo sorriso quando algum parceiro conta uma piada, e sempre que tem a vez não mede em dizer: “Hoje em dia tudo é risco. As crianças não brincam mais na rua, os campinhos de pelada viraram casas. Ou o jovem ta na droga ou no computador. A vida virou um risco”.
Não acredita que algum de seus cinco filhos irá continuar com o bar e mesmo que isso ocorra ainda não é hora para se preocupar, para ele o importante mesmo é a necessidade de cada filho seguir o seu caminho.
Atrás do balcão, Prestes conta o dinheiro e devolve o troco. Os passos se vão e mais um amigo se despede. Não gosta de pensar muito no futuro. Acende outro cigarro e fecha as portas, amanha começa tudo outra vez.
Atrás do balcão, Prestes conta o dinheiro e devolve o troco. Os passos se vão e mais um amigo se despede. Não gosta de pensar muito no futuro. Acende outro cigarro e fecha as portas, amanha começa tudo outra vez.
Editado por Gabriela Titon
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