Luciana Grande
Sob uma perspectiva tecnicista, o aeromodelismo pode ser entendido como a arte de construir miniaturas de aeronaves para lazer ou esporte. Também consiste na construção e na manobra destes pequenos objetos. Mas para quem pratica esse esporte, a definição vai além. É prazer, liberdade, paixão. A arte de brincar com aviãozinho, só que de gente grande.
Em Guarapuava há uma organização informal ativa desde a década de 1980 que conta com cerca de 30 adeptos. Estes aeromodelistas se reúnem quase todos os finais de semana no Parque do Lago e no aeroporto de Entre Rios para praticar o esporte. Basta passar pelo Parque num domingo de sol para ver pequenos aviões dando piruetas no céu. Além dos próprios praticantes, muitos curiosos param para admirar os aeromodelos voando alto. O fascínio por fazer voar chama a atenção de pessoas das mais variadas idades.
Um aviãozinho (não) incomoda muita gente...
O que mantém o aeromodelismo vivo em Guarapuava há tantos anos é a paixão dos praticantes, que investem e promovem o esporte com recursos próprios. Jonatã Mariani, administrador por profissão (e aeromodelista por paixão) é um dos integrantes da organização na cidade. Ele pratica a atividade há 24 anos e tem o gosto por voar no sangue, já que seu pai era piloto e mecânico de avião. Mariani, além controlar as miniaturas de aeronave no ar, também é projetista e atua na construção delas. “Gosto de voar, já tive experiências como piloto. Tenho contato com isso desde pequeno, mas o que eu gosto mesmo é projetar réplicas iguais a modelos reais”.
O administrador lamenta a falta de incentivos por parte da prefeitura, já que não há um lugar apropriado para a prática do aeromodelismo na cidade. Além disso, por medidas de segurança, o município proibiu a atividade no aeroporto, mesmo quando está inativo. “A ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) passa a responsabilidade em relação à liberação da prática nos aeroportos aos administradores, que em Guarapuava é a prefeitura. Mas existem cidades, inclusive próximas daqui, com aeroportos mais movimentados que permitem a prática do aeromodelismo”, comenta.
Os adeptos ao aeromodelismo em Guarapuava buscaram, por muitos anos, o apoio municipal, mas nunca conseguiram. Segundo Mariani, hoje eles já desistiram da causa. Agora utilizam o aeroporto de Entre Rios, já que a Cooperativa Agrária cedeu o espaço. Esse esporte atrai moradores e curiosos, o que acaba movimentando o lugar e gerando lucros para o distrito. “A gente gostaria muito de organizar um clube de aeromodelismo na cidade, com instalações adequadas e um espaço exclusivo, mas nunca conseguimos por falta de incentivos. Comprar uma área grande o bastante sai caro, existem poucos espaços particulares para a prática no Brasil”. Por enquanto, o esporte é praticado apenas como hobby pelos guarapuavanos.

As categorias de pequenos aviões
Dentro do aeromodelismo, os pequenos aviões podem ser classificados em três categorias, cada qual com suas peculiaridades. No Parque do Lago os aeromodelos utilizados são elétricos, comandados por controle remoto. Esse tipo é menor, mais seguro e produz menos barulho. Portanto, é ideal para lugares abertos e com maior fluxo de pessoas. É por essa razão que a prefeitura não proibiu a prática nesse local.
Em Entre Rios os praticantes também utilizam modelos radiocontrolados, mas que fazem parte de outra categoria. Elas são movidas a combustível, maiores que as elétricas e precisam de um espaço maior para voar. O estudante Maurício Kurmann, membro da equipe de aeromodelismo de Guarapuava, diz que os aviões a combustão são mais clássicos. “Esses modelos são muito mais perigosos que os elétricos, por isso voamos com eles em lugares mais afastados”. No entanto, esse é o tipo preferido para a maioria dos aeromodelistas.
Além dessas categorias, há também os aeromodelos a propulsão por elástico, que são mais simples e leves. Por essa razão são utilizados geralmente por iniciantes.

Editado por: Katrin Korpasch
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