A história do soldado que não conseguiu provar a inocência antes de ser degolado
Yarê Protzek
Guarapuava, assim como várias outras cidades, tem uma história recheada por lendas, algumas marcadas por lugares históricos e outras que ficam apenas na imaginação do guarapuavano. A lenda do degolado é uma das mais conhecidas pelos moradores da cidade.
Essa história começa no final do século XIX, durante a Revolução Federalista, no qual um soldado, que não se sabe o nome, foi acusado injustamente pelo crime de violentar uma moça. O homem fazia parte de um grupo de soldados, chefiado por Juca Tigre que, durante a revolução, invadiu o município. Na época, Juca Tigre fez um acordo com as autoridades locais para que a tropa pudesse ficar na região até decidirem seguir viagem.
No acordo, o comandante prometeu que todas as famílias seriam respeitadas pelos soldados até o momento de partida e se caso algum soldado desrespeitasse o combinado, a pena seria de morte por decapitação, um tipo de castigo muito usado na época por ser rápida e poupar munição que seria usada para as futuras batalhas.
Porém uma moça de família denunciou a tropa de Juca Tigre afirmando ter sofrido maus tratos por parte de um soldado. As características citadas por ela condiziam com a de um dos revolucionários da tropa de Tigre. Ao saber da história, Tigre cumpre com a sua palavra e ordena que o soldado cave sua cova para que seja enterrado depois de decapitado. Essa punição iria servir de exemplo para os outros soldados pensarem antes de desobedecer às ordens de Tigre.
Mais tarde, descobriu-se que a moça não havia sido violentada e que o soldado foi punido injustamente. Com isso, a população, comovida com o acontecimento, começou a acender velas pela alma do soldado, sendo mais tarde construída uma capela no que hoje é a rua Getulio Vargas, bairro dos Estados, local onde o degolado foi enterrado.
O historiador Nivaldo Krüger comenta que a primeira vela acendida no local podia muito bem ter sido da moça. “A iniciativa de acender a vela seria uma forma de diminuir a culpa que sentia ao causar a morte de um inocente”, comenta Nivaldo.
“Aprendi a historia com a minha Vó, quando tinha cinco anos, e procuro repassar a lenda para todos, a fim de que ela não seja esquecida”, conta dona Altaira Martins que mora perto da Capela do degolado. Ela comenta que muitas pessoas vão à capelinha pedir a ajuda do soldado por acreditar que ele pode fazer milagres. Altaira completa dizendo que tem muita fé e consideração pela capela e todo final de ano se reúne com os amigos para visitar o local e rezar um terço.
A capela foi construída em 1984, no mesmo ano da morte do soldado. A trágica historia repercute ainda hoje. Várias pessoas vem de longe para saber mais sobre a lenda e pedir ajuda a alma do degolado.
A lenda do degolado é apenas uma de muitas que fazem parte da história de Guarapuava. O àgora online pretende contar, com o decorrer do tempo, as principais lendas do município.
A capela foi construída em 1984, no mesmo ano da morte do soldado.
Editado por Bárbara Brandão
Nenhum comentário:
Postar um comentário