Poliana Kovalyk
Colecionar é uma arte que o ser humano carrega consigo desde que nasce até os últimos anos de vida. Começa-se com coleção de figurinhas, de selos ou, até mesmo, pedras consideradas preciosas. Ainda há aqueles que algum dia juntaram latinhas de cerveja ou que colecionavam "tazos". Seja lá qual for, a essência é a mesma: guardar itens que possuem um valor inestimável aos seus donos. Murilo Walter Teixeira é um colecionador de histórias, mas não de qualquer uma, são mais de dois séculos de fragmentos do passado da cidade onde nasceu, cresceu e continua amando: Guarapuava.
Murilo, um colecionador de histórias de Guarapuava
Foi seguindo os passos do pai, Benjamin Teixeira, que Murilo deu início ao seu pequeno acervo, que conta com cartas de namoradas, fotos de pessoas desconhecidas, entre outros materiais especiais. “Meu pai foi o idealizador desse arquivo. Ele exerceu várias funções na cidade, desde advogado, professor, secretário, trabalhou no executivo, no legislativo, no judiciário, foi nomeado promotor. Então ele exercia essas funções, e tudo isso arquivou”.
Até 2005, Murilo guardava todos os itens em sua casa. Depois disso decidiu fundar a Casa Benjamin Teixeira, uma homenagem ao homem que tanto fez pelo município. O local surgiu visando relembrar e valorizar as memórias de Guarapuava. Atualmente, além desta função, o lugar é também espaço para reuniões culturais de pessoas que desejam discutir sobre Guarapuava.
Espaço de homenagem ao seu pai, Benjamim Teixeira
Coisa de colecionador
Tudo que o colecionar recebe é arquivado. Ele conta que até hoje recebe alguns documentos históricos, como cartas, bilhetes, posses familiares, relíquias políticas e materiais jornalísticos. “Guarapuava possui 200 anos, então tem uma documentação muito grande”. E isso não só de nossa cidade, mas de outras regiões do Paraná que algum dia pertenceram a Guarapuava. Os documentos foram guardados um por um, e são os mais diversos, desde os fotográficos, os jornais, banners, cartas, que hoje servem para pesquisa. “A carta é muito importante. Coleciono cartas de minhas ex-namoradas. Passei por três casamentos e as mulheres, nenhuma delas rasgaram, mas eu estou guardando porque ela vai ter um valor mais tarde pra ver como era o comportamento do jovem dessa época, sabe, porque você retira dali alguma informação”. O museu também conta com raridades, como uma relação dos habitantes de Guarapuava em 1853, sendo única, e essa pesquisa foi transformada num boletim sobre o tema. “Eu tenho uma carta do Padre Chagas que eu sempre mostro porque eu acho maravilhosa a forma como foi redigido, isso em 1825”.
Muitos fazem doações de seus arquivos pessoais para que ali fique permanente. “As pessoas vêem que está sendo tudo arquivado, catalogado, então eles vêem sentido nesse trabalho”. E esse arquivo tem servido de embasamento para outras pesquisas suas. “Eu fiz uma pesquisa sobre a genealogia do Capitão Rocha, outra sobre a origem dos municípios, os primeiros habitantes de Pinhão e Reserva do Iguaçu, embasada em documentos que possuo originais aqui, numa lista nomeativa daquela época de 1832. Fiz a genealogia, e fiz o continente guarapuavano, que é um resumo histórico de Guarapuava, que eu acho bastante interessante”. Mas seu acervo também serviu para inúmeras pesquisas de outras pessoas. “Recentemente uma advogada que estava fazendo um doutorado em Buenos Aires utilizou desses documentos pra sua tese”.
A Casa Benjamin Teixeira, fica na Rua Capitão Virmond, 1888, e além de ser considerada parte do patrimônio cultural da cidade, possibilita um contato do visitante a um universo de conhecimentos produzidos ao longo da história. É um local de disseminação de conhecimento, descoberta de novos saberes e de reflexão.
Desde 2005, a Casa Teixeira funciona na cidade
Editado por Yorran Barone
Ola! minha mae Sandra mara Marcondes filha de Roberio Marcondes e Ma. Aparecida Teixeira e prima do Murilo e queria falar com ele, tem alguma chance de vcs me contactarem com ele ou um telefone/email pra ela poder se comunicar???
ResponderExcluirobrigado!