Luciana Grande
Apesar de ser pouco conhecida na região, a entidade existe há mais de 20 anos e auxilia na transformação social dos participantes
O Instituto Dom Bosco de Guarapuava foi fundado no ano de 1989 pela rede Salesiana de Dom Bosco, sendo uma entidade não governamental sem fins lucrativos, destinada principalmente à comunidade carente e mantida por meio de doações. Desde o início, tem como principal objetivo acolher adolescentes e jovens do meio popular para tornar-se referência na transformação dos mesmos, já que auxilia no desenvolvimento humano dessas pessoas.
Segundo o atual diretor administrativo, padre Dácio Eliso Bona, uma das principais intenções com os projetos desenvolvidos pelo instituto é tornar os jovens auto-sustentáveis, ou seja, contribuir para o aprendizado a fim de capacitar os educandos a ingressarem no mercado de trabalho. Já para as crianças, a entidade funciona como um complemento para a escola, uma vez que elas podem participar no horário de contra-turno.
Embora o Instituto Dom Bosco esteja ligado a aspectos religiosos, padre Dácio afirma que isso não interfere nos projetos. “Todos no instituto iniciam as atividades com reflexões, sem beatice. Dessa forma, é possível ter mais força e visão para trabalhar com a juventude”.
O instituto oferece várias atividades e projetos educativos que auxiliam o crescimento humano e social dos indivíduos, o que reflete diretamente na comunidade. Um desses projetos é o curso de marcenaria, que existe há cerca de 20 anos e faz parte do programa Jovem Aprendiz do Senai. Segundo o professor e fundador da marcenaria, Szymundo Crochevicz, conhecido como Monti, o Instituto Dom Bosco oferece toda a estrutura necessária para que os alunos tenham um aprendizado eficiente. “O curso de marceneiro começou quando eu entrei aqui. Nós tínhamos um convênio com a Rede Salesiana de Dom Bosco na Alemanha e foram eles que fizeram a doação das máquinas e do prédio”.
Na maioria das vezes, os aprendizes levam os móveis que eles produzem para a própria casa, já que sentem orgulho do seu trabalho. Além disso, grande parte dos móveis do instituto são eles que fabricam. O objetivo do projeto não é comercializar os produtos a fim de obter lucros, mas capacitar os estudantes como profissionais para que eles possam se inserir no mercado de trabalho com mais facilidade.
Luiz Marcelo Batista, 20 anos, é um dos alunos que fazem parte da turma que se forma no final desse ano. Ele chegou até o Instituto Dom Bosco por indicação de alguns amigos que fizeram o curso de marceneiro e disseram ter gostado bastante. Apesar de hoje perceber que sua vida melhorou bastante, confessa que os primeiros meses foram difíceis. “No começo é complicado porque a gente não tem base de nada, é tudo novidade. Mas depois que pega o jeito tudo fica mais fácil e interessante”. Ele conta, também, que a família o incentiva muito e tem orgulho da profissão que conquistou.
Já Fábio Pereira, de 19 anos, conheceu o curso de marceneiro sem querer, já que veio de uma cidade pequena procurar emprego em Guarapuava e encontrou dificuldades. Então, quando estava quase desistindo, foi até o Senais e lá indicaram o Instituto Dom Bosco. “Em toda a minha vida eu nunca tinha pensando em trabalhar como marceneiro, mas aqui eu me descobri. É o que eu quero para toda a minha vida mesmo”. Fábio, que participa de outros projetos do instituto, conta que estar ali foi um salto enorme para ele. “Antes eu não tinha metas, expectativas para o futuro... Hoje eu tenho tudo isso”.
Ao conhecer esses jovens, é possível observar uma transformação não só do ponto de vista profissional, mas também sob a ótica da construção de valores e objetivos de vida. O educador Monti, mesmo trabalhando como marceneiro há quase 50 anos, explica que não apenas ensina, como também aprende muito com os seus alunos. “Uma vez um ex-aluno foi me visitar em época de férias, um rapaz que teve uma infância cheia de dificuldades sob vários aspectos. Naquele dia ele foi me contar que fundou uma empresa, contratou funcionários, comprou carros e disse que devia tudo isso ao Instituto Dom Bosco. Agradeceu por tudo de bom que nós trouxemos para a vida dele”.
Alguns educandos durante a oficina de violão
O presente e o futuro
Tais conceitos de transformação e crescimento estão presentes em todos os vários projetos da entidade. Atendendo a diferentes idades e com diversas atividades, os outros projetos são:
• Oficinas pedagógicas: voltadas para crianças de oito a 12 anos, incluem aulas de música, xadrez, jogos educativos, recreação, literatura, arte e informação educacional.
• Projeto despertar: incentiva a aprendizagem de jovens entre 12 a 17 anos, disponibilizando aulas de violão e espanhol.
• Projeto de incentivo à educação profissional juvenil: oferece aulas de datilografia, informática, serviços de escritório (preparação para o projeto jovem aprendiz) aos alunos de 13 a 17 anos.
• Projeto Jovem Aprendiz: aulas voltadas à preparação do jovem para inserir-se no mercado de trabalho. Nesse projeto são oferecidos os cursos de marcenaria e auxiliar administrativo.
• Programa de promoção ao protagonismo familiar: oferece cursos voltados para adultos. Dentro desse projeto, há o “Programa Buscando o Saber” (que possui cursos de panificação, informática e marcenaria) e pretende, futuramente, criar o “Projeto Mulher de Talento” (que proporcionará a oportunidade de mulheres participarem de um curso de corte e costura).
• Programa Construindo o Amanhã: tem o intuito de promover a reabilitação de jovens infratores por meio de medidas sócio educativas.
A entidade tem como meta oferecer novos cursos profissionalizantes e investir em outros projetos de captação de recursos. No entanto, em razão da falta de recursos financeiros, o instituto funciona abaixo de suas possibilidades, visto que, levando-se em conta o espaço disponível e a estrutura física do local, seria possível atender um número muito maior de pessoas - hoje, o Instituto Dom Bosco possui cerca de 350 educandos. Atualmente, a equipe tem buscado o apoio de pessoas físicas e jurídicas que possam contribuir com doações para melhorar as condições estruturais do local.
Como contribuir
Quem quiser ajudar, conhecer melhor o trabalho ou ser voluntário no IEDB, basta entrar em contato com a equipe.
Telefone: (42) 3624-2318 / (42) 3624-1050
Endereço: Rua Guaicuru, 763, Vila Carli, Guarapuava (PR)
Twitter: @iedb_guarapuava
A marcenaria tem todos os equipamentos necessários para um ensino eficiente
Editado por Helena Krüger
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