quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Edir e sua égua...


Vinicius Comoti

A tarde já expressa tons mais suaves através de nuvens demarcadas entre um imenso céu. A carroça lentamente se aproxima, e maravilhado com a qualidade do capim Seu Edir para na esquina. Seu cavalo mostra sinais de quilometragem, mas nada que afete seu charme impetuoso. "Comprei o Zorro já fazem quase dois anos. Precisava de ajuda no trabalho e montei a carroça. Ele além de me ajudar a andar, me ajuda a fazer o meu serviço. Vou pegar comida para ele".

Seu Edir é catador de materiais recicláveis, realizando todo dia cerca de oito horas de busca entre os bairros Boqueirão e Santa Cruz. Chegou a ter empregos fixos, como quando trabalhava de lixeiro para a prefeitura, mas nada muito prolongado ou muito menos duradouro. "Procurei emprego umas duas vezes e logo desisti, reclamavam da minha idade e minhas limitações. Como lá em casa precisava de dinheiro, decidi trabalhar por conta própria".
Edirlei da Luz é natural de Guarapuava. Mora com sua mulher e com um filho, tem mais um que mora em outra casa. Não chega a passar fome, entretanto, faz o que pode para tentar manter uma renda.

Foto:Vinicius Comoti
Edir "Capim verde é sinal de fartura"

O facão decepa as folhas verdes, um movimento bruto que Edir além de administrar com experiência, opera com perfeição, dando em reduzidas braçadas o necessário para um longo período de alimentação do amigo. A ação se desenvolve em diálogo com o sol, provocando o rumor da despedida através da timidez das sombras."Vou pegar o meu rumo jovem, não vou tirar foto porque não gosto. Fique com Deus".
E assim seu Edir, expressando um claro cansaço, amarra as fivelas e desfaz os nós. Puxa o laço e solta o assobio, Zorro entende o sinal e logo começa a cavalgar. "Amanha é acordar cedo e começar tudo de novo".

Foto:Vinicius Comoti
Zorro, o seu fiel companheiro

Editado por Helena Krüger

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